sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Despedida

Aproveito o post anterior do André para me despedir da província bucólica de Paredes de Coura (onde, graças à simpatia das Comédias do Minho, estive com os Praga Pedro e Rita, e com a Cátia e o Zé) e junto-me ao André operático, na capital, (fisicamente, porque em letra e espírito já lá estou, pobre dele) e ao próximo ano Praga, com isto na mala:

Marcus Steinweg, Comunidade dos Desiguais (começa assim)
"Chamo colectivo a uma comunidade cujos membros estão unidos pela ausência de uma relação objectiva ou absoluta."

(E continua assim)
"O colectivo é evidentemente um grupo cujos membros são demasiado diferentes para submeter-se a um princípio unitário ou a um ideal comum. A comunidade em que estou a pensar é uma construção infinitamente frágil. Sim, é uma comunidade, mas de tal modo que tem de reger-se sem um fundamento e uma finalidade comuns. É a comunidade dos sem-comunidade no sentido em que não confia em nenhum outro tipo de laços que não seja a falta de relação. É por isso que se deve simplesmente dizer que este tipo de comunidade não existe. Este é o sentido mais extremo do colectivo: a sua não-existência e impossibilidade."

(o que é então um colectivo?)
"É um sonho com valor de verdade."

(E depois tem uma nota assim)
"O pensamento ocidental vive da ilusão da identidade e auto-semelhança do sujeito humano. Trata-se sempre da pergunta "quem sou?". E sempre se responde a esta pergunta prometendo ao eu um lugar, uma intimidade transcendental e uma familiaridade consigo mesmo. E assim se vê claramente que esta vontade, este desejo e a ética que exige este tipo de auto-estabilidade numa identidade do eu ou de si mesmo, tem a sua origem na catástrofe ontológica, ou seja, no pensamento e no saber de que não existe um sujeito idêntico. Talvez exista algo como um sujeito, mas este não concorda consigo mesmo. O homem "é inóspito na sua própria essência", diz Heidegger".

(isto é Outro fim...)